Os Tripes do Brasil
Identificação, Informações, Novidades

Biologia & Ecologia

 

Hábitos e Hábitats

Os tripes são principalmente conhecidos como fitófagos sugadores de seiva, sendo comumente encontrados em flores e folhas de diversas plantas. Entretanto, 50% de todas as espécies alimentam-se só em fungos, algumas predam pequenos insetos e ácaros, e outras são ectoparasitas em cigarrinhas (Mound 2005, Cavalleri et al. 2010). O aparelho bucal dos tripes é do tipo picador-sugador, embora seja referido incorretamente como 'raspador' em algumas fontes bibliográficas mais antigas. Os Thysanoptera apresentam uma única mandíbula, que perfura o substrato (tecido animal, vegetal, fúngico); e um par de estiletes maxilares, que se unem na extremidade do cone bucal e conduzem o alimento para o trato digestivo.

 

Estes insetos ocupam variados habitats, tais como: flores e folhas de várias espécies vegetais, folhiço, galhos mortos, cascas de árvores, e galhas produzidas por eles ou por outros organismos. A grande maioria das espécies que vive no folhiço se alimentam em hifas de fungos. Este é o caso de algumas espécies de Merothripidae e Phlaeothripidae (principalmente Phlaeothripinae), que são frequentemente coletados em folhas mortas no solo. Os Idolothripinae (Phlaeothripidae), que estão entre os maiores insetos da ordem, também são fungívoros, porém ingerem esporos inteiros e habitam principalmente galhos e folhas mortas penduradas nas plantas. 

 

As espécies de tisanópteros fitófagas apresentam diferentes graus de especificidade com as espécies de plantas. Poucas espécies de tripes são reconhecidamente monófagas, muitas certamente são polífagas, mas a maioria, provavelmente, é oligófaga, utilizando plantas de uma mesma família ou gênero como hospedeiras. Essas estreitas associações entre tisanópteros e plantas são comuns, como por exemplo, as muitas espécies de Heterothrips (Heterothripidae) que vivem em Malpighiaceae no Cerrado, ou ainda espécies de Arorathrips (Thripidae) que usam flores de gramíneas para se reproduzir. Já a maioria das espécies de importância agrícola utiliza uma grande variedade de plantas hospedeiras, principalmente aquelas pertencentes aos gêneros Frankliniella, Scirtothrips e Thrips.  

 

O reconhecimento da planta hospedeira sobre a qual os tripes realmente se desenvolvem é um pré-requisito básico para entender aspectos ecológicos da espécie. A simples observação dos adultos em determinada espécie vegetal não significa que esta seja a planta hospedeira do inseto. Nesta situação, onde os adultos utilizam a planta apenas para alimentação ou local para repouso, é adequado referir-se a planta como 'planta visitada'. No caso de espécies fitófagas, é muito comum observar flores contendo centenas de tripes adultos, mas sem a presença de imaturos. A identificação da planta hospedeira deve ser acompanhada pela observação de postura dos ovos e desenvolvimento das larvas no vegetal. 

 

Algumas espécies de Thysanoptera apresentam comportamentos complexos e estrutura organizacional diferenciada. Muitas espécies de Phlaeothripidae induzem galhas, enquanto algumas constroem domicílios para se alimentar e se reproduzir. A disputa por território, recursos, parceiros e o cuidado parental são comportamentos relativamente comuns em Tubulifera (Kiester & Strates 1984, Crespi 1992, Crespi et al. 1997, Mound 2005). Algumas espécies de Phlaeothripidae galhadores da Austrália apresentam eussocialidade, que é o mais alto grau de organização social dos animais (p.ex. Kladothrips e Oncothrips spp.). Nestes casos, há sobreposição de gerações, cuidado parental e uma nítida divisão em castas, aonde a primeira geração se desenvolve como soldados que defendem a galha de intrusos (Crespi et al. 1997). 

 

Outros fatores importantes no comportamento dos tripes são o seu oportunismo, a tendência (e habilidade) de alojar-se em pequenos espaços. Isso permite que estes insetos invadam e ocupem microhábitats variados, como domácias, galhas abandonadas, ninhos de cupins, formigas e vespas. Por exemplo, duas espécies de Mirothrips (Phaleothripidae) são conhecidas por viverem apenas no interior dos ninhos de vespas Polistinae no Brasil, se alimentando dos imaturos das vespas e se beneficiando de um microambiente livre de inimigos naturais.      

 

Reprodução e ciclo de vida

A reprodução nos Thysanoptera geralmente é sexuada, mas a partenogênese também é frequente, sendo que em muitas espécies os machos são extremamente raros e outros ainda não foram coletados. A maioria é ovípara, embora algumas espécies apresentem ovoviviparidade e viviparidade (Ananthakrishnan 1979). A maioria das fêmeas da subordem Terebrantia perfuram o tecido vegetal com o auxílio do ovipositor serreado, chamado de terebra, e depositam seus ovos dentro da planta. Alguns grupos de Terebrantia apresentam ovipositor muito reduzido ou atrofiado, como as espécies de Merothripidae e alguns Thripidae (p.ex. Arorathrips, Plesiothrips) e os ovos são depositados externamente. Já os Tubulifera não possuem ovipositor externo, e todos fazem suas posturas na superfície do substrato, sendo o ovo recoberto por substâncias gelatinosas que o protege de predadores e da dessecação. O número total de ovos postos por fêmea varia de 30 a 300, dependendo da espécie, do indivíduo, e da quantidade e qualidade de alimento à disposição.

 

O tisanópteros também se destacam por apresentar uma metamorfose intermediária entre a simples e a completa. Após eclodir dos ovos, os tripes da subordem Terebrantia passam por dois estágios larvais e dois de inatividade, onde não se alimentam (pupa e pré-pupa). Já a subordem Tubulifera, além de apresentar estes estágios, possui ainda mais dois com características de pupa (Lewis 1973).

 

O ciclo de vida dos tripes varia consideravelmente entre espécies e condições ambientais. Por exemplo, Frankliniella schultzei (Thripidae) apresenta um ciclo de cerca de 13 dias em laboratório e em temperatura ambiente (Pinent & Carvalho 1998), enquanto que para Selenothrips rubrocinctus (Thripidae) este valor varia de 28-43 dias (Lewis 1973). O tempo mínimo necessário para completar o ciclo de vida é de 10 dias. Algumas espécies requerem quase um ano, e outras, de 20 a 22 meses. 

 


Publicado em: 11/10/2016
Postado por: Adriano
Tags: Alimentação, reprodução, desenvolvimento
Vídeos:
Frankliniella occidentalis: o tripes-californiano-das-flores

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